A FECTRANS considera que é necessário aprofundar todas as causas e responsabilidades que estiveram na origem do acidente do elevador da Glória.
De tudo que foi dito e escrito, assim como o primeiro relatório do GPIAAF, só dão razão à primeira posição que assumimos da necessidade de uma profunda avalização que responda às diversas questões que se colocam.
O relatório do GPIAAF demonstra que o trabalhador que faleceu tudo fez com o que tinha ao seu alcance, mas que isso não evitou o desastre. Então a pergunta que se coloca é:
- Qual o resultado técnico das avaliações ao sistema de segurança nas suas diversas componentes?
- Qual a periodicidade dessas avaliações?
- Se alguma vez foi feito alguma avaliação sobre o sistema de segurança destes equipamentos?
Partindo deste pressuposto fundamental, é também importante saber se existiram alterações aos sistemas de funcionamento e regras de manutenção face ao crescimento do número de passageiros transportados, obrigando a um maior número de viagens.
Por outro lado, há que questionar se o actual esquema de manutenção foi alterado ou modificado tendo em conta o crescimento de passageiros verificado?
Cremos também que é necessário avaliar se a decisão de externalização teve algum efeito numa eventual redução da qualidade da manutenção?
A externalização seguiu-se a um processo de desinvestimento, destruição, do sector oficinal da CARRIS levada a cabo em 2006/2007, (só revertido em 2025), de que resultou uma redução significativa de trabalhadores, mais de 300 que foram “incentivados” a rescindir o seu contrato de trabalho, em particular os mais antigos, sem cuidar da passagem de conhecimento para as gerações mais novas.
Relativamente às questões da manutenção, a posição da FECTRANS e do seu sindicato na Carris, o STRUP, não é de avaliar a qualidade da manutenção, isso é uma função das equipas técnicas que analisa o acidente, mas sim de questionar o modelo.
Os serviços de manutenção têm como objectivo central garantir um serviço de qualidade e seguro dos equipamentos e para isso, têm de ser dotados dos meios técnicos e humanos para garantir esse objectivo.
Se pelo meio for introduzido um “negócio”, em que quem cede o serviço procura fazê-lo pelo mínimo de custos e que quem concorre procura, legitimamente, ter margem de lucro, de certeza que o objectivo central do que deve ser um serviço de manutenção, é desvirtuado. Pelo que é público, quando a manutenção era assegurada pela CARRIS, havia um número de trabalhadores afecto, e em permanência, muito superior ao que havia à data do acidente.
Por outro lado, num sistema de externalização, não se fixam os trabalhadores, de modo a permitir a acumulação de conhecimento e transmissão do mesmo entre gerações de trabalhadores.
Finalmente entendemos este trágico acidente deve de impor a tomada das medidas necessárias neste tipo de equipamento, para modernizar o transporte em elevadores na cidade de Lisboa e introduzir outros sistemas de recurso eficazes e seguros, assente numa manutenção que tenha como objectivo central, a garantia da qualidade e segurança, assente nos serviços da CARRIS.
Lisboa precisa dos elevadores, já que para além da utilização pelos turistas, são importantes para a mobilidade, tendo em conta as características da cidade.
Lista das organizações que enviaram mensagens de solidariedade ao STRUP e à FECTRANS:
Nacionais
- Sindicatos Filiados
- SNTSF – Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários;
- SIMAMEVIP - Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagem, Transitário e Pesca;
- STFCMM - Sindicato dos Transportes Fluviais, Costeiros e da Marinha Mercante;
- OFICIAISMAR - Sindicato dos Capitães, Oficiais Pilotos, Comissários e Engenheiros da Marinha Mercante:
- SNTCT - Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações;
- STRAMM - Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários e Atividades Metalúrgicas da Madeira;
- SPTTOSH - Sindicato dos Profissionais de Transportes, Turismo e Outros Serviços da Horta;
- CGTP-IN – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses;
- USL – União de Sindicatos de Lisboa;
- FNAM - Federação Nacional dos Médicos;
- STT - Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual;
- SFRCI - Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante
Internacionais
- RMT - The National Union of Rail, Maritime and Transport Workers – Reino Unido;
- ETF - The European Transport Workers' Federation
- TUI TFPC – Trade Union International of Transport, Fisher, Ports and Comunication;
- FUTAC - Federación Unitaria del Transporte, Puertos, Pesca y Telecomunicaciones en América;
- Fédération Nationale des Syndicats de Transports CGT – França
- All India Road Transport Workers' Federation – India;
- ACS - Alternativa Sindical de Clase – Espanha;
- Unite Northwest 64 Branch – Reino Unido
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